sábado, 28 de junho de 2008

Cinemas Municipais Recebem o V PANORAMA RECIFE DE DOCUMENTÁRIOS

Nesta semana os cinemas municipais do Parque e Apolo recebem, desta segunda (30) a quarta-feira (02), o V Panorama Recife de Documentários. No total, serão exibidos nos dois cinemas, 37 títulos recentes da produção nacional de documentários. São filmes produzidos em Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraíba, Ceará e Brasília, além de países como a França e os Estados Unidos. Este ano, o Panorama tem o foco local com as produtoras Cabra Quente Filmes, Telephone Colorido e Página 21. Os responsáveis pelas produtoras vão estar presentes durante a exibição para apresentar seus novos filmes e trocar idéias com o público.

Na terça feira (01), o Cinema Apolo traz uma programação especial dedicada às produções do Ceará, com a exibição de vídeos, curtas, médias e longas-metragens, entre eles o curta Louco de Futebol, que também será lançado em DVD durante o Panorama, com direito a coquetel e com a presença do diretor Halder Gomes. Já o Cinema do Parque exibe seis longas-metragens, cinco deles inéditos. São eles: O Engenho de Zé Lins, Romance do Vaqueiro Voador, Cine Tapuia, Olhar Estrangeiro, 500 Almas e Sicko - $O$ Sáude (a única reprise).

Confira abaixo a programação:

Cinema do ParqueRua do Hospício, 81, Boa Vista. Fone: 81.3221.1556Ingressos - R$ 1

Segunda-feira (30)

14h e 18h- Olhar Estrangeiro – Um Personagem Chamado Brasil (RJ, 2006, 70´), de Lúcia Murat. O documentário investiga o porquê de os filmes estrangeiros mostrarem o Brasil de forma estereotipada e equivocada. Censura: 14 anos;

16h e 20h - O Engenho de Zé Lins (DF, 2006, 85´), de Vladimir Carvalho.Passagens da vida e obra do escritor José Lins do Rego, desde os tempos de sua infância até a maturidade e glória literária. Censura: Livre.

Terça-feira (01)

14h e 18h - Romance do Vaqueiro Voador (DF, 2006, 73´), de Manfredo Caldas.Recriação do universo mítico do nordestino, no papel de candango, mostrando o lado trágico da epopéia da construção de Brasília. Censura: Livre;

16h e 20h - Cine Tapuia (CE, 2006, 93´), de Rosemberg Cariry, às 16h e 20h.Misto de ficção e documentário sobre o cego cantador Araquém que, com a filha Iracema, vaga pelos sertões nordestinos projetando velhos filmes. Censura: Livre.

Quarta-feira (02)

14h e 18h - 500 Almas (RJ, 2004, 105´), de Joel Pizzini.Conhecidos como canoeiros, os índios Guató vivem em relação constante com a água e em contínuo deslocamento. Censura: Livre;

16h e 20h - 1Sicko - $O$ Saúde (EUA, 2007, 113´), de Michael Moore. Ataque à administração do presidente George W. Bush, comparando a lucrativa indústria de saúde americana com as de outros países. Censura: Livre.

Cinema ApoloRua do Apolo, 121, Bairro do RecifeFone: 81.3232.2028 (Entrada gratuita).

Segunda-feira (30)

14h - Foco local – Produtora Cabra QuenteCom a participação do diretor Wilson Freire; 16h – Exibição de curtas e media-metragens;

18h e 20h - Terra Viva (SP, 2007, 80´), de Bérangère Jannelle e Stéphane Pauvret.A partir de Douglas, ator e diretor de teatro e militante do MST, acompanhamos o relato de uma aventura teatral baseada em Pílades, de Pasolini.

Terça-feira (01)

14h – Foco local – Telephone ColoridoCom a participação do produtor e diretor Grilo;16h - Foco regional – Cinema do Ceará;

18h15 - Loucos de Futebol (CE, 2008, 22min), de Halder Gomes. Retrato autêntico e divertido sobre o universo dos torcedores. Suas loucuras, angústias, frustrações, alegrias e êxtases provam que o futebol é muito mais do que 22 machos correndo atrás de uma bola. Exibição e coquetel de lançamento do DVD, com a presença do diretor;

19h15 - Sábado à Noite (CE, 2007, 63´), de Ivo Lopes Araújo. Uma noite de sábado na cidade de Fortaleza. Realizado para o projeto Doc TV, o documentário de Ivo Lopes Araújo causou enorme polêmica quando de sua exibição na capital cearense, devido à sua radical experimentação;

20h30 - O Caldeirão de Santa Cruz do Deserto (CE, 1986, 78´), de Rosemberg Cariry. Resgate histórico da comunidade do Caldeirão, movimento religioso liderado pelo beato José Lourenço, que organizou um arraial em molde socialista primitivo. A comunidade foi destruída pela polícia cearense e por bombardeio de aviões, deixando mais de mil camponeses mortos.

Quarta-feira (02)

14h – Foco local: Página 21Com a participação dos produtores e diretores Amaro Filho e Rafael Coelho;16h – Curtas e médias-metragens;

18h - Pretérito Perfeito (RJ, 2006, 71´), de Gustavo Pizzi. Resgate da Casa Rosa, o prostíbulo mais famoso do Rio de Janeiro no século XX, com depoimentos de antigas meretrizes que trabalharam no local. Hoje é um espaço cultural onde se realizam festas, eventos e shows;

20h - Os LIP, a Imaginação no Poder (L'Imagination au Pouvoir, França, 2006, 118´), de Christian Rouaud. Este filme vai atrás dos homens que fizeram a greve operária mais emblemática do período pós-68, a dos LIP em Besançon.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Festivais Movimentam Audiovisual

FORMAÇÃO AUDIOVISUAL

Estão abertas, em Natal (RN), as inscrições para a oficina de documentários ministrada por Thereza Jessouroun (RJ). A oficina tem como objetivo apresentar os diferentes tipos de documentários existentes e capacitar os alunos a realizarem um projeto de documentário. A oficina será realizada de 7 a 12 de julho na Unidade Nascimento de Castro, das 19h às 23h, de segunda à sexta, e das 9h às 13h, no sábado. Inscrições e outras informações pelos telefones: (84) 3211.2921, 9953.9885.


FEST ARUANDA


A 4º Edição do Festival Aruanda do Audiovisual Universitário Brasileiro está com as inscrições abertas. O festival acontece entre os dias 8 e 13 de dezembro em João Pessoa (PB). As inscrições são gratuitas e seguem até o dia 8 de agosto, podendo ser feitas via Correios ou na secretaria do Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGC) no campus I da UFPB. Edital, inscrição e outras informações: www.bc10.com.br/aruanda/.

DOC LATINO

Iniciou no último dia 24, e vai até amanhã (28), o 1º Seminário e Fórum do Documentário Latino Americano. O seminário, que acontece na Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, aparece como forma de homenagem aos 40 anos dos Festivais de Viña del Mar 67 e de Mérida 68, marcos do nascimento do Novo Cinema Latino-americano. Outras informações: www.cinemabrasil.org.br/cadastro/.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Secretaria do Audiovisual lança concurso para documentários

da Folha Online

A Secretaria do Audiovisual lançou ontem os concursos estaduais DocTV 4, que devem selecionar 35 projetos. Além disso, mais 22 documentários devem ser produzidos pelas carteiras especiais, o que soma um total de 57 filmes.

Os 35 projetos premiados nos 26 estados brasileiros, mais o distrito federal, devem receber um contrato de co-produção no valor de R$ 110 mil para realização de cada documentário, difusão nacional dos documentários premiados em horário nobre, em Rede Pública de Televisão, entre diversos outros benefícios.

Os regulamentos e fichas de inscrição podem ser acessados nas páginas das TVs públicas em cada estado, segundo a secretaria do Ministério da Cultura.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Festival de Curtas Independentes


Estarão abertas até o dia 02 de Junho as inscrições para a 1º Mostra Curtas Artes e Comunicação (CUAC). O evento está sendo promovido pelos estudantes da Universidade Federal de Pernambuco e tem como objetivo oferecer um espaço para que produtores compartilhem com o público os seus filmes. O festival acontecerá entre os dias 12 e 13 de Junho às 14h no Centro de Artes e Comunicação (CAC)na UFPE.

A mostra engloba as categorias de Animação, Documentário, Ficção, Experimental e Videoclipe, todos com tema livre. A comissão organizadora visará incluir o máximo de filmes possíveis na programação. Nos dias da exibição os três primeiros colocados, votados por júri popular, receberão uma premiação simbólica. Interessados devem enviar solicitar a ficha de inscrição com o seguinte endereço de e-mail: cabessaumfilmes@gmail.com ou acessar o blog www.cabessaumfilmes.blogspot.com

Inscrições

A inscrição será gratuita, sem nenhum ônus para os participantes;

Os filmes deverão ter no máximo 30 (trinta) minutos, incluindo-se os créditos;

A cópia para exibição deverá estar em formato DVD, de preferência, sem menus de exibição;

Todo o material de divulgação (cartazes, flyers, folders) deverão ser enviados junto com o DVD.

O prazo de inscrição é entre 10 de maio até 02 de junho (data de postagem).


O envio da inscrição indicará a aceitação de todos os termos deste Regulamento.

A ficha de inscrição deverá ser enviada TAMBÉM por e-mail, em caráter de PRÉ-INSCRIÇÃO

Contudo, a inscrição só será efetivada, no ato do recebimento do material de inscrição (descrito no item seguinte);


O material de inscrição deve conter: Ficha de inscrição (preenchida e assinada), DVD, material de divulgação (se houver);


O material de inscrição deverá ser enviado para o seguinte endereço:

cabessaUM filmes – cuac!

R. Antônio Falcão, 775 / 102 – Boa ViagemRecife – PE / BRASIL

CEP: 51020-240

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Diretor israelense aborda em Cannes papel de Israel em massacre

Fonte: Folha Online

O diretor israelense Ari Folman trouxe ao Festival de Cannes uma interessante reflexão em forma de documentário animado sobre o papel de Israel no massacre de palestinos em Sabra e Shatila (Líbano) em 1982.

"Waltz with Bashir", em competição oficial no Festival de Cannes, tem uma inteligente estrutura de documentário com depoimentos em sua maioria reais e coletados pelo diretor, que narra em primeira pessoa sua experiência como soldado na época, após a invasão israelense do Líbano.

Na produção Folman evidencia seus remorsos e os de seus companheiros pelo que descreve como um papel passivo no massacre cometido nos campos de refugiados de Sabra e Shatila, onde pelo menos 800 civis, em sua maioria mulheres e crianças, morreram pelas mãos --unicamente, segundo o filme-- de falangistas cristãos.

Os falangistas buscavam vingança após o assassinato em atentado de seu líder, o presidente eleito Béchir Gemayel.

A teoria defendida por Folman é a oficial mantida por Israel, que culpou pelo massacre os falangistas cristãos e se limitou a responsabilizar Ariel Sharon --então ministro da Defesa-- indiretamente, já que os soldados israelenses, que tinham esses campos sob seu controle, não evitaram a tragédia.

No entanto, Sharon renunciou de seu posto em 1983 e, desde 2001, é investigado pela Justiça belga por crimes contra a humanidade.

No filme, a voz de Sharon aparece e seu papel é o de conhecedor passivo do que ocorria, da mesma forma que o resto dos personagens, que mais de 20 anos depois desses fatos mostram remorso por sua falta de ação e repudiam o massacre.

O que o filme tem de mais original é sua estrutura. Copia os rostos das pessoas reais e as torna personagens, mais perto da história em quadrinhos que dos desenhos animados.

E faz isso como um documentário, misturando imagens falsamente reais com depoimentos de protagonistas da história que narra.

Com uma colocação puramente cinematográfica, o diretor joga com as cores e mal sai do espectro cinzento nas cenas de guerra, para usar, na última seqüência, posterior ao massacre, imagens reais do momento.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Programas fomentam Audiovisual

CINEMA UNIVERSITÁRIO

Foram prorrogadas, até a próxima sexta (16), as inscrições do 13º Festival Brasileiro de Cinema Universitário. Para participar da Mostra Competitiva Nacional, que será entre 31 de julho a 10 de agosto, os curtas realizados por universitários brasileiros devem ter duração máxima de 30 minutos, sendo o diretor e, pelo menos, outras três funções técnicas realizadas por universitários. O júri premiará os curtas que se destacarem em: Retrato da Realidade Nacional, Expressão Cultural, Pesquisa de Linguagem, Expressão Poética, Contribuição Artística e Técnica e Construção Narrativa. Será concedido também o prêmio de Destaque pelo voto do público. Ficha de inscrição e outras informações: www.fbcu.com.br/2008/.

VIOLÊNCIA URBANA

O Tintin Cineclube exibe amanhã (14), seis curtas brasileiros que abordam o tema da violência urbana. Trata-se da primeira sessão do cineclube associado a Programadora Brasil, que disponibiliza filmes e vídeos para pontos de exibição de circuitos não-comerciais no intuito de promover o encontro do público com o cinema brasileiro. A sessão é gratuita e acontece às 19h30 no Cine-Teatro Lima Penante (Av. João Machado, nº 67, Centro, João Pessoa-PB. Programação completa e outras informações: www.abdpb.org.br/.MIX BRASILEstão abertas as inscrições para a 16ª edição do Festival Mix Brasil de Cinema e Vídeo da Diversidade Sexual. Os interessados em exibir suas produções no evento têm até o dia 20 de julho (filmes estrangeiros) ou 31 de agosto (filmes brasileiros) para realizarem inscrição. O Mix Brasil acontece em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte, durante o segundo semestre de 2008. Regulamento, inscrição e outras informações: www.mixbrasil.org.br/.MOSTRA CINEGROPara levantar o debate sobre a participação do negro no cinema acontece a partir de hoje (13), até a sexta (16), a Mostra Cinegro, em João Pessoa (PB). Serão exibidos os longas-metragens "O fio da memória", de Eduardo Coutinho, "Tudo é Brasil", de Rogério Sganzerla, e "Samba Riachão", de Jorge Alfredo, além de quatro curtas-metragens que farão parte do Cine Samba. As sessões são gratuitas e acontecem sempre às 12h e 18h30, no mini-auditório SESC Centro (Rua Desembargador Souto Maior, nº 281). Outras informações: www.pb.sesc.com.br/.

AUDIOVISUAL PARA SURDOSA

Página 21 foi uma das vencedoras da seleção pública do Programa de Democratização Cultural com a Oficina Audiovisual para surdos. As oficinas devem ocorrer no segundo semestre deste ano, em Pernambuco, na Escola Estadual Severino Farias e no Centro de Referência e Formação da Criança e Adolescente Surdos (CREFAS), nos municípios pernambucanos de Surubim e Nazaré da Mata, respectivamente. Durante o projeto serão capacitados jovens surdos com idade entre 12 e 20 anos para a realização de vídeos em que todas as etapas da produção serão realizadas por eles mesmos: da confecção do roteiro à edição. Outras informações: (81) 3421.7180.


MIX BRASIL

Estão abertas as inscrições para a 16ª edição do Festival Mix Brasil de Cinema e Vídeo da Diversidade Sexual. Os interessados em exibir suas produções no evento têm até o dia 20 de julho (filmes estrangeiros) ou 31 de agosto (filmes brasileiros) para realizarem inscrição. O Mix Brasil acontece em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte, durante o segundo semestre de 2008. Regulamento, inscrição e outras informações: www.mixbrasil.org.br/.

MOSTRA CINEGRO

Para levantar o debate sobre a participação do negro no cinema acontece a partir de hoje (13), até a sexta (16), a Mostra Cinegro, em João Pessoa (PB). Serão exibidos os longas-metragens "O fio da memória", de Eduardo Coutinho, "Tudo é Brasil", de Rogério Sganzerla, e "Samba Riachão", de Jorge Alfredo, além de quatro curtas-metragens que farão parte do Cine Samba. As sessões são gratuitas e acontecem sempre às 12h e 18h30, no mini-auditório SESC Centro (Rua Desembargador Souto Maior, nº 281). Outras informações: www.pb.sesc.com.br/.

AUDIOVISUAL PARA SURDOSA

Página 21 foi uma das vencedoras da seleção pública do Programa de Democratização Cultural com a Oficina Audiovisual para surdos. As oficinas devem ocorrer no segundo semestre deste ano, em Pernambuco, na Escola Estadual Severino Farias e no Centro de Referência e Formação da Criança e Adolescente Surdos (CREFAS), nos municípios pernambucanos de Surubim e Nazaré da Mata, respectivamente. Durante o projeto serão capacitados jovens surdos com idade entre 12 e 20 anos para a realização de vídeos em que todas as etapas da produção serão realizadas por eles mesmos: da confecção do roteiro à edição. Outras informações: (81) 3421.7180.

sábado, 3 de maio de 2008

Documentarista assume que paga por entrevistas e gera polêmica

Errol Morris diz que Standard Operating Procedures não existiria sem os "cachês" dos militares
por Ederli Fortunato


Errol Morris, autor do documentário Standard Operating Procedures, que examina os eventos ocorridos na prisão de Abu Ghraib, no Iraque, reconheceu ter pago alguns dos soldados pelas entrevistas inseridas em seu filme. Segundo Morris, que divulgou a informação em uma entrevista após a exibição do documentário no Tribeca Film Festival, os soldados não teriam concedido as entrevistas sem pagamento.

A regra para a imprensa é não pagar por entrevistas, uma vez que depoimentos pagos perdem credibilidade. Esse procedimento, no entanto, não é padrão na área de documentários. Para alguns, não pagar pelos depoimentos seria abuso por parte dos documentaristas. Afinal, se um documentário gera milhões de dólares para seus produtores e diretores, porque as pessoas que o tornaram possível deveriam ficar sem uma parte do bolo?

Diane Weyermann, vice-presidente da produtora responsável por Standard Operating Procedure e também por Uma Verdade Inconveniente, é uma das defensoras do sistema. Tom Bernard, co-presidente da Sony Pictures Classics, distribuidora do filme, também argumenta que hoje em dia as pessoas têm maior consciência da lucratividade de um documentário e, portanto, se recusam a conceder entrevistas sem serem pagas por seu tempo e informações. Já Tom Rosenstiel, diretor do Project for Excellence in Journalism, uma organização não lucrativa que analisa os procedimentos da mídia, defende a posição de que o pagamento leva as pessoas a tornarem os fatos mais dramáticos do que realmente são.

Um dos problemas é que o documentário sobre Abu Ghraib gerou um livro, que deverá ser publicado em 15 de maio pela editora Penguin, escrito por Morris e Philip Gourevitch. Assim, os dados mostrados no filme serão, em breve, um documento escrito, o que o torna alvo de mais críticas. A revista The New Yorker, onde Gourevitch trabalha, não permite que seus jornalistas paguem por entrevistas, mas o autor disse não ter visto problemas no fato de alguns soldadores terem um acordo com Morris.

Esta é a segunda vez que Morris enfrenta problemas envolvendo pagamento pela participação em um de seus documentários. Em 1988 ele foi processado por Randal Adams, objeto de seu documentário The Thin Blue Line. Adams estava no corredor da morte acusado de ter assassinado um policial e foi libertado depois que o documentário levantou dúvidas quanto à investigação e o processo. Após sua saída da prisão, Adams alegou que não havia cedido os direitos de sua história. O assunto foi resolvido, como tantos em Hollywood, com um acordo.

Questionado, Morris disse não ter sentido necessidade de avisar, no filme, que pagou pelas entrevistas - e argumentou que não informou no final de Uma Breve História do Tempo que o cientista Stephen Hawking foi pago para aparecer no filme. Morris - um dos mais importantes nomes do meio documentarista, autor de Sob a Névoa da Guerra - também informou que sem estas entrevistas pagas de Standard Operating Procedure ninguém conheceria as histórias destes militares.

Já em outro documentário sobre o tema dos abusos no Iraque, Os Fantasmas de Abu Ghraib, de Rory Kennedy, os créditos finais avisam que alguns participantes foram pagos. A HBO, responsável pelo filme, informou que não sabe quais participantes receberam ou não e quais foram os valores pagos. Alguns documentários brasileiros, como À Margem da Imagem, não apenas assumem a prática como a evidenciam no próprio filme.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Após "Santiago", João Moreira Salles volta à família

SILVANA ARANTES
da Folha de S.Paulo

O próximo filme que o documentarista João Moreira Salles pretende fazer contará uma só história -de uma viagem que a mãe do diretor fez à China, durante a revolução cultural- sob pontos de vista diferentes.

A viagem foi registrada em imagens que o diretor deve desarquivar e transformar num filme, assim como fez com "Santiago", seu quarto documentário em longa-metragem, que estréia hoje nos cinemas e é dividido em duas partes.

No primeiro trecho do filme, intitulado "Santiago", o diretor apresenta seu personagem -o homem que foi mordomo de sua família durante 30 anos e cujo depoimento biográfico ele filmou em 1992, dois anos antes da morte de Santiago Merlo.

Na segunda parte do filme, "Reflexões sobre o Material Bruto", Moreira Salles descortina as razões por que "Santiago" foi o único filme que ele não concluiu e as que o fizeram retomá-lo, em agosto de 2005.

Narrado em primeira pessoa, "Santiago - Reflexões sobre o Material Bruto" não tem, contudo, a voz de João Moreira Salles, mas sim a de seu irmão Fernando Moreira Salles.

Desconfiança

O diretor explica a escolha do narrador, além do motivo "trivial, porém relevante" de não gostar da própria voz: "Um dos assuntos do filme é a fronteira entre ficção e documentário. A minha voz dava uma concretude muito grande a ele. Com a voz do Fernando, acrescento uma dimensão a mais de ficção no filme. Sou eu falando, mas não é minha voz. É como se introduzisse um espelho a mais, uma camada adicional de desconfiança, de ambigüidade".
Divulgação
Mordomo Santiago Merlo (1912-1994) em cena do documentário que extréia hoje
Mordomo Santiago Merlo (1912-1994) em cena do documentário que extréia hoje

A estrutura em camadas superpostas é a que o diretor pretende usar também no próximo filme, com as imagens de arquivo familiar feitas na China.

"Tinha vontade de editar esse material com duas ou três locuções diferentes. A primeira seria eu, que não apareço no filme, falando sobre as imagens. A outra seria de um personagem que está no material, pensando naquele momento sobre a viagem. E a outra, de um personagem periférico. É sempre o mesmo material, que adquire sentidos diferentes. Não é nada novo, original, mas está um pouco mais no caminho do que me interessaria fazer", afirma.

Depois de "Santiago", Moreira Salles se desinteressou em repetir o tipo de filmes que fez antes -"Notícias de uma Guerra Particular", sobre a violência no Rio de Janeiro; "Nelson Freire", perfil do pianista; e "Entreatos", registro da reta final da vitoriosa campanha de Lula à Presidência. O diretor cogitou não prosseguir com a carreira de documentarista.

"Hoje não tenho mais vontade de seguir pessoas com uma câmera e esperar para ver o que acontece. Isso ficou para trás. O que tenho mais interesse de fazer hoje em dia é ser mais experimental no cinema documental", afirma.

A dose de experimentalismo que Moreira Salles aplicou a "Santiago" incluiu assumir-se como personagem do filme, o que acabou sujeitando-o à dupla crítica dos espectadores que já assistiram ao filme em festivais e pré-estréias.

"Muita gente disse que, em nome dos problemas que me levaram de volta ao filme, pus Santiago em segundo plano", afirma o diretor. "É uma interpretação possível, e ela comporta um julgamento ético: o diretor usou-se do personagem para seus próprios fins. Eu poderia contra-argumentar que todo filme faz isso, mesmo os mais angelicais. Mas cabe ao espectador e à crítica determinar se o meu foi indevido."

Embora "Santiago" agora se submeta ao crivo do público e da crítica, Moreira Salles diz que não os teve em conta quando decidiu remontá-lo.

"Fiz "Santiago" num momento difícil da minha vida. Nessas horas, a gente não tem muito a perder e não pensa nos outros. Faz o filme porque aquilo te ajuda, e essa ajuda é tudo que se pede. O resultado são filmes que só podiam ser feitos por quem os fez, intransferíveis."

No filme, Moreira Salles, 45, descreve o "momento difícil" como aquele em que percebeu que "a juventude foi ficando para trás" e teve vontade de voltar à casa em que cresceu e às memórias de sua infância, das quais Santiago faz parte.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Disney lançará documentários sobre a natureza

A Walt Disney Company anunciou ontem o lançamento de um selo específico para documentários sobre o meio ambiente e a vida animal. A nova divisão do estúdio se chamará Disneynature e terá em "Earth'' (terra) seu primeiro lançamento. O filme chega aos cinemas americanos em 22 de abril de 2009.

A idéia é que o selo produza dois títulos por ano. Para 2010, está previsto o lançamento de "Oceans'' (oceanos). Dois anos depois, estreará "Chimpanzee'' (chimpanzé). O anúncio faz parte de um esforço da Disney para recuperar o prestígio de sua divisão de filmes, cujos lucros encolheram em 2006. A empresa espera maximizar os lucros gerados pelos documentários com livros, DVDs e atrações em seus parques.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Novo capítulo para a produção audiovisual de Pernambuco

O governo do Estado anunciou, no último dia 16, no Palácio do Campo das Princesas, os vinte e nove projetos beneficiados pelo I Edital de Programa de Fomento à Produção audiovisual de Pernambuco. Ao todo serão destinados R$ 2,1 milhões para realizadores pernambucanos. Além de projetos de longa e curta metragem, e produtos em vídeo para TV, cinco documentários foram contemplados.

“Ano passado, o cinema brasileiro teve que aplaudir o cinema pernambucano. Agora temos que consolidar Pernambuco como um pólo de cinema e ajudar a produção do Nordeste”, afrirmou Eduardo Campos. O governador rearfimou o compromisso de “continuar a caminhada” e acresecentou a importância de aumentar o acesso aos bens culturais. “Queremos fazer uma política de Estado, e não de governo”, defendeu Campos.

A iniciativa conta com a realização da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe). A presidente da instituição, Luciana Azevedo esclareceu que neste primeiro edital estão sendo comemorados o produto e o processo. “Para os que fazem a Fundarpe foi uma lição técnica e política”, afirmou ela.

Confira a lista dos cinco documentários comtemplados pelo programa:

Projeto: A descoberta do mundo
Direção: Taciana Oliveira
Valor: 130.000,00

Projeto: Ave Maria ou mãe dos sertanejos
Direção: Camilo Cavalcanti
Valor: 86.050,00

Projeto: A igreja invisivel de Juraci
Direção: Marcelo Pinheiro e Lula Queiroga
Valor: 35.305,00

Projeto: O rei da chanchada
Direção: Sérgio Dantas
Valor: 48.650,00

Projeto: Faço de mim o que quero
Direção: Petrônio de Lorena e Sérgio Oliveira
Valor: 72.141,47

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Calendário Gedoc

Programação até o final das aulas deste semestre. As exibições serão na Videoteca 2, do segundo andar, às 11h. Depois da apresentação do filme, debate entre os presentes.

Dia 22 de abril - "Peões", de Eduardo Coutinho

Dia 29 de abril - "Ônibus 174", de José Padilha

Dia 6 de maio - "Na Captura dos Friedman", de Andrew Jarecki

Dia 13 de maio - Não há exibição em função da mostra de trabalhos "Mondo Cine", dos alunos de Fotografia e Design da manhã, revelando as relações entre cinema e países periféricos (cinematografias de países como Argentina, Chile, Irã, China, Romênia, Rússia, Cuba, Índia, etc).

Dia 20 de maio - "A Pessoa É para o que Nasce", de Roberto Berliner

Dia 27 de maio - Encerramento das atividades com exibição de "Nanook - O Esquimó", de Robert Flaherty, considerado o primeiro documentário da história do cinema com discotecagem ao vivo do jornalista e professor Bruno Nogueira. "Nanook", naturalmente, é um filme mudo e a idéia é justamente "subverter" e recriar uma "aura" de música ao vivo para o filme.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Dica do GEDOC- Canal Brasil exibe obra prima do cinema nacional

O Canal Brasil exibirá hoje, às 19h17, o documentário Babilônia 2000 do diretor Eduardo Coutinho. O filme foi gravado no dia 31 de janeiro de 1999 no morro da Babilônia, Rio de Janeiro, e mostra as expectativas dos moradores em relação à passagem do século.
Na manhã do último dia do século XX, uma equipe de filmagens subiu ao morro que comporta duas favelas, Chapéu Mangueira e Babilônia, as únicas situadas na orla de Copacabana onde os moradores podem acompanhar ao vivo a explosão dos fogos durante o reveillon. Durante 12 horas, as câmeras da equipe de filmagens acompanharam os preparativos para a grande virada realizando entrevistas com os residentes do morro a fim de saber sobre os planos e expectativas para o ano 2000 e para que pudesse fazer um pequeno balanço de suas vidas. O resultado é surpreendente.
O filme ganhou o prêmio de Melhor Documentário no Grande Prêmio BR de Cinema, além de ter sido indicado na categoria de Melhor Direção.
Não deixe de conferir.

terça-feira, 15 de abril de 2008

X PRÊMIO DO FILME DOCUMENTÁRIO- União Latina – Festival de Biarritz

A União Latina e o Festival de Biarritz, Cinémas et Cultures d’Amérique latine organizam a 10ª edição do Prêmio para o filme documentário latino. O prêmio para a melhor obra será de 3.000 euros. O maior critério a ser analisado pela mesa diretora do concurso, é a visão dispensada pelos produtores à diversidade das culturas no contexto sócio-político na América Latina.
As inscrições seguem abertas até o dia 30 de junho.

Condições de participação no concurso:

Pré-seleção

-Os participantes devem pertencer a um dos Estados mencionados abaixo* ;
-Os filmes documentários apresentados devem ter sido produzidos a partir de 31 de dezembro de 2006;
-Os filmes documentários devem ser apresentados exclusivamente em formato VHS (PAL, SECAM e NTSC) ou DVD.
-A inscrição é gratuita e implica na plena aceitação do regulamento.

Os dossiês de candidatura devem conter os seguintes elementos:

-A ficha de inscrição devidamente preenchida;
-Duas fotos do filme em alta resolução (300 dpi mínimo);
-Uma cópia do filme documentário em cassete VHS (PAL, SECAM e NTSC) ou DVD;
-Um resumo do filme e uma filmografia do realizador na versão original;
-Todos os documentos que possam ser úteis à apreciação do dossiê de candidatura (artigos de imprensa, documentos publicitários…).
-O envio dos dossiês de candidatura devem estar liberados de direitos de alfândega sob pena de serem recusados.
-Os dossiês de candidatura deverão ser enviados imperativamente por Internet. A cópia do filme documentário deverá ser enviada por correio para o seguinte endereço:
Union Latine
Direction de la Culture et de la Communication131 rue du Bac, 75007 Paris (França).
Certificado pelo carimbo postal.

Para mais informações:

Escritório da União Latina no BrasilAv. Marechal Floriano, 196 - 2º andar - Centro – Palácio Itamaraty Rio de Janeiro-RJ 20080-002 Tel (21) 2518-3254 / telefax (21) 2518-2292 uniaolatina@uol.com.br

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segunda-feira, 14 de abril de 2008

Passaporte Húngaro

Cléber Eduardo

Há um filme evidente em Um Passaporte Húngaro. Também há um outro sugerido pelas questões levantadas, e tocadas para a lateral, ao longo do percurso narrativo. O filme evidente é uma kafkiana perambulação pelas burocracias estatais, questão antiga dentro da vida moderna. Já o filme tocado para a lateral trata da construção constante de identidade individuais mediadas-mas-não-limitadas pelos caráteres nacionais. Questão moderna e também atual. Como essa última questão abandonada pelo caminho têm potencial temático-estético superior à questão priorizada (a burocracia), ao menos para a amplitude de uma discussão contemporânea e para as possibilidades da linguagem documental, com a diretora levada à condição de tema, o filme projetado apenas esboça quão bom poderia ter sido caso elegesse o aspecto secundário como principal. E o principal viés adotado é apenas o que vemos lá na tela (não a partir dela): a labiríntica saga burocrática empreendida pela diretora para conseguir cidadania húngara. Ela vai e volta às embaixadas e consulados para entregar várias vezes e sempre continuar devendo os documentos necessários para tirar seu passaporte. Não basta provar que seu avô nasceu em Budapeste. Tem ainda de aprender a língua e obter informações sobre a Hungria para fazer uma prova de admissão à nova cidadania.

Abrem-se, a partir daí, dois caminhos. Um é o mais óbvio: tem como diretriz a insistência da realizadora em conseguir seus papéis de européia e o aparente espanto diante da suposta descoberta sobre a estreita ligação de identidade com nacionalidade e de nacionalidade com a cidadania controlada pelo Estado. Será mostrado durante sua peregrinação que as histórias individuais e coletivas, ainda hoje, tem nos governos o coletor e guardião de suas evidências. Ou o cidadão do mundo tem registrado seus passos em seu país, de origem ou de adoção, ou não terá existência no museu internacional da humanidade. Para conseguir seu documento, a realizadora tem de provar, com muitas provas, a trajetória do avô da Hungria ao Brasil. Tem de encontrar essas provas de um Estado para entregar a outro Estado. Para a realizadora, há nisso um absurdo, supõe-se a partir da própria decisão de se documentar essa jornada. Deveria ser mais fácil, sussura o filme, termos as origens reconhecidas. Reconhecimento pelo Estado, não por ela mesma. Sandra Kogut filma a própria história como se fosse de outra pessoa. Não se reconhece em suas origens. A raiz se quebrou em duas gerações, assim está posto pela ausência da colocação dela. Voltaremos a isso adiante.

O outro caminho aberto pelo filme leva à reconstituição documentada em arquivos, e narrada pela avó e pelos tios, do processo migratório de judeus europeus para o Brasil. Em suas visitas a órgãos oficiais, a diretora aprende que seus antepassados, como outros imigrantes do Leste Europeu na primeira metade do século, também trocaram de cidadania. De nome e religião até. Optaram pela reinvenção do "eu público" e pela mudança para outro país de modo a não caírem na malha fina da patrulha mundial anti-semita. Durante o aprendizado sobre sua pré-existência, com a qual não demonstra ter qualquer intimidade, a realizadora passa a se revelar sujeito histórico, único como todos, mas fruto também de um contexto amplo, cujo ponto mais visível é a origem húngara e o judaísmo. Ela passa a ser vista como indivíduo atado à história do século XX. Na realização do filme, parece descobrir isso. E sua inserção no passado se dá também com imagens de Recife, Budapeste e do Rio em um tom cromático memorialístico, como se aquelas imagem filmadas no século XXI fossem de antanho. Sandra Kogut tenta dar imagem ao passado em seu presente.

Voltamos à questão da origem e da identidade, alavancada por esse processo e posta de lado para se valorizar a questão da burocracia. Um Passaporte Húngaro é mais uma visão irônica sobre os Estados e menos o tatear da realizadora sobre sua pré-existência. No entanto, há uma câmera subjetiva, um eu assumido, expresso na busca dela pelo documento: é a própria trajetória que ela está filmando. Partimos do particular para se revelar o geral, da experiência dela para se mostrar todo um estado de coisas. Já o movimento contrário, do geral para o particular, não está ali tematizado. Não sabemos jamais qual a motivação dela em obter a cidadania húngara. Pode ser por questões práticas, para facilitar o deslocamento pela Europa e para residir/trabalhar em países europeus, ou por razões afetivas, motivadas por um desejo de construir laços com antepassados e de ter o reconhecimento de uma origem – mesmo aparentando ser deslocada em relação a essa mesma origem buscada. A diretora é até questionada sobre isso. Por que deseja um registro de identidade húngaro se nada sabe sobre a Hungria – nem idioma, nem cultura, nem história, informação alguma? Os húngaros com os quais tem contato parecem exigir que a candidata à "hungaridade" mereça o vínculo oficial pretendido. Ela não reage quando perguntada a esse respeito. Parece lidar com a questão apenas como matéria-prima para ser convertida em um filme. Deixa de ser personagem para ser apenas um olho atrás da câmera. Não revela se tem alguma intimidade com sua ascendência, se teve alguma influência da cultura húngara na formação ou se é uma brasileira globalizada sem nenhum laço com raízes do passado. Encolhe o alcance esboçado.

Em imagem, aliás, ela jamais reagirá. Porque a primeira pessoa existe ali como procedimento narrativo e não como objeto do filme. A câmera-voz-narradora não mostrará a própria imagem e não se converterá em personagem. Talvez por simples pudor, talvez por falta de conceito. Não seria um problema se as questões vindas à tona não pedissem um maior escancaramento de subjetividade para sair do enfoque convencional em um trajeto como o registrado. Embora as pessoas falem com Sandra Kogut, nunca para a câmera diretamente, não vemos a reação dela às pessoas. Como ela não filma entrevistas, mas conversas com ela própria, temos uma interação pela metade. Pela metade também ficará a ponte geracional-histórica entre as reivenções de identidade de seus avós imigrantes, que fogem da Europa para o Brasil por questões práticas, e seu caminho contrário do Brasil para e Europa em uma agora opcional busca de nova identidade, mas provavelmente também por questões práticas. Nos dois casos, como é explicitado em uma parábola sobre o andarilho (indo sempre para casa, vindo sempre de casa), a identidade é múltipla. Está menos derivada de um lugar/raiz e mais do deslocamento por lugares. Esse paralelo de contrastes entre a avó e a neta, uma fazendo caminho contrário ao da outra, por diferentes motivos e momentos históricos, é escamoteado pelo fato de a diretora, modestamente, ser apenas a narradora e não também sujeito de seu filme.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

O Cine PE vem aí

A comissão organizadora do Cine PE divulgou na segunda-feira (7) a programação da 12ª edição do evento. Entre os dias 26 de abril e 4 de maio serão apresentados 58 filmes, com 43 curtas e 15 longas-metragens.

O festival começa na Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), nos dias 26 e 27, com a exibição 11 curtas, todos pernambucanos. O ingresso é R$ 6 (inteira) e R$ 3 (meia) e as sessões começam às 19h. A mostra competitiva, principal atrativo do evento, inicia em seguida, dia 28, no Cine Teatro Guararapes, sempre às 18h30, com ingressos por R$ 8 (inteira) e R$ 4 (meia). Aí irão competir 40 trabalhos – 31 curtas e 9 longas-metragens.

As outras obras serão apresentadas em exibições paralelas.Além de películas, o festival aparece com uma programação recheada de eventos: seminários (no Recife Palace Hotel), oficinas de especialização (na Fundação Joaquim Nabuco) e o lançamento do livro “Economia da Cultura: A Indústria do Entretenimento e o Audiovisual no Brasil” (no Teatro Guararapes), de Alfredo Bertini, o diretor do festival.

Programação completa no site do Cine PE.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

1º Festival de Cinema de Triunfo abre inscrições

Pernambuco ganha um novo festival de cinema. Entre os dias 12 e 16 de julho, o município de Triunfo, localizado no Sertão do Pajeú, será transformado no centro da sétima arte. O 1º Festival de Cinema de Triunfo – que acontece durante a 50ª Festa do Estudante, entre os dias 12 e 19 do mesmo mês – vai distribuir R$ 23 mil entre os melhores longas-metragens, curta-metragens, documentários e vídeos produzidos no Estado e no Brasil. As inscrições para participar da mostra competitiva começaram no dia 1º de abril. A iniciativa, da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), faz parte do novo modelo de gestão que vem priorizando a interiorização da cultura e tem o objetivo de consolidar o evento no calendário artístico estadual.
Poderão participar da mostra competitiva os trabalhos nas categorias longa-metragem (até 150 minutos); curta-metragem (até 25 minutos); vídeos originários do concurso Revelando Brasis (até 25 minutos), promovido pelo Ministério da Cultura; filmes, documentários e vídeos de curta-metragem pernambucanos (até 25 minutos).
Para as categorias curta-metragem e longa-metragem, serão aceitas as inscrições de filmes brasileiros finalizados entre 2006 e 2008 (ficção ou documentário), realizados em qualquer formato, mas com cópia de exibição em 35 mm. Os filmes e vídeos de curta-metragem pernambucanos também devem ter sido finalizados entre 2006 e 2008, realizados em qualquer formato e com cópia de exibição em miniDV.
O Festival também terá uma mostra de vídeos produzidos dentro de cidades pequenas, através do projeto Revelando os Brasis, realizado em parceria com Instituto Marlin Azul e MinC, que financia projetos de vídeos moradores das cidades com até 20 mil habitantes em todo o país, como é o caso de Triunfo. Uma comissão nomeada pela Fundarpe escolherá os concorrentes.
Os interessados em participar do processo seletivo devem fazer a inscrição no protocolo da sede da Fundarpe, localizada na Rua da Aurora, 463/469, Boa Vista, das 8h às 14h, até o dia 16 de maio. Também serão aceitas propostas enviadas por Sedex, postadas até o último dia de inscrição. O edital e o formulário de inscrição está disponível na página da Fundarpe na Internet (www.fundarpe.pe.gov.br).

PREMIAÇÃO – Serão conferidos troféus e prêmios em dinheiro para os vídeos e filmes vencedores da competição. O melhor longa-metragem escolhido pelo Júri Oficial receberá R$ 7 mil, enquanto que o melhor curta-metragem, também segundo a mesma comissão julgadora, ganhará R$ 3 mil. O Júri Popular será responsável pela premiação em quatro categorias: melhor longa-metragem (R$ 7 mil), melhor curta-metragem (R$ 3 mil), melhor vídeo para Mostra Revelando Brasis (R$ 1,5 mil) e melhor vídeo pernambucano (R$ 1,5 mil).
Além dos prêmios em dinheiro, o Júri Oficial vai conferir o Troféu Careta aos melhores profissionais que atuaram nos longa-metragens e curta-metragens. Na categoria longa-metragem, será entregues prêmios honrosos para melhor direção, melhor fotografia, melhores montagem, trilha sonora, direção de arte,produção, som, melhor ator e melhor atriz. No caso dos curta-metragens, haverá premiação para melhor direção, melhor fotografia, melhor montagem, melhor trilha sonora, melhor direção de arte, melhor ator e melhor atriz.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

É Tudo Verdade em Recife

Ao falar sobre as datas e os locais do festival de documentários É Tudo Verdade, o Gedoc mencionou que aconteceria em abril, nas cidades Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. Mas, ao olhar direitinho o site do evento, percebemos que ele vai ocorrer também em Caxias (RS) e Recife! É um erro muito bom de corrigir.

A Fundação Joaquim Nabuco vai sediar o festival de 17 a 20 de abril, com um total de 7 documentários a serem exibidos.

Olha aí a programação:

17/04 (quinta-feira)
19h (Abertura) – Vencedor da Competição Brasileira Longa/Média Metragem

18/04 (sexta-feira)
17h – Descrição de uma Memória / Dan Geva / 80min – VÍDEO
19h – Paulo Gracindo - O Bem-Amado / 84min – 35mm

19/04 (sábado)
17h – Geração 68 / Generation 68 / Simon Brook / 53min – VÍDEO
19h – Sem Fim à Vista / No End In Sight / Charles Ferguson / 102min – VÍDEO

20/04 (domingo)
17h – A Paixão segundo Callado / José Joffily / 57min – VÍDEO
19h – O Coração Vagabundo / Fernando Grostein Andrade / 60min – VÍDEO

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Documentário brasileiro sobre globalização é destaque em festival uruguaio

O documentário “Encontro com Milton Santos ou o Mundo Global Visto do Lado de Cá”, do diretor brasileiro Silvio Tendler, foi um dos destaques do 26º Festival Cinematográfico Internacional do Uruguai.
O filme de Tendler mostra o fenômeno da globalização da perspectiva periférica defendida pelo geógrafo e pensador, Milton Santos, falecido em 2001. Veículos de imprensa populares, cineastas que gravam em seus próprios bairros e histórias de vida e luta dos mais pobres, são a base de um documentário que pode ser tido como um "testamento" dopensador brasileiro.
O diretor explicou que de acordo com a visão do protagonista (o próprio Milton Santos), a globalização se transformou em um "'globalitarismo’, seqüestrado por um grupo de empresas" que não permitem o “desenvolvimento geral". Para ele as afirmações de Santos são "muito duras, mas também muito otimistas". Tendler levou cinco anos para preencher com imagens as conversas que teve com Santos, autor de livros como “A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção” (1996).
Além de "Encontro com Milton Santos ou o Mundo Global Visto do Lado de Cá", outros quatro documentários brasileiros marcaram presença no festival: "A Dança da Vida", de Juan Zapata; "Diário de Sintra", de Paula Gaitán;"Margem", de Maya Da-Rin e "Andarilho” de Cao Guimarães, responsável pela a abertura do festival.
O 26º Festival Cinematográfico Internacional do Uruguai foi realizado do dia 02 até o último dia 30. Durante esse período, o evento contou com uma ampla oferta de longas-metragens, documentários e curtas-metragens.

O Cineasta dos Vencidos

Sílvio Tendler é conhecido como "o cineasta dos vencidos" ou "o cineasta dos sonhos interrompidos", por abordar em seus filmes personalidades como Jango, JK, Carlos Marighela e Glauber Rocha. É, antes de tudo, um humanista que já produziu e dirigiu cerca de 40 filmes, entre curtas, médias e longas-metragens em formato documental.
Acumula uma bagagem intelectual que inclui licenciatura em História pela Universidade de Paris, mestrado em Cinema e História pela École des Hautes-Études da Sorbonne e especialização em Cinema Documental aplicado às Ciências Sociais no Musée Guimet, da mesma universidade. Criou a Caliban Produções Cinematográficas, direcionada para biografias históricas de cunho social. É membro da Fundação Novo Cine Latino-americano, do Comitê de Cineastas da América Latina, presidente da Federação de Cineclubes do Rio de Janeiro e da Associação Brasileira de Cineastas. Em 1979, tornou-se professor do Departamento de Comunicação Social da PUC-RJ.
O cineasta filmou documentários como: JK: Glauber o Filme-Labirinto do Brasil, O menino que sonhou um país, Dr. Getúlio-Últimos momentos, Marighela-Retrato falado do guerrilheiro (curta-metragem), Josué de Castro-Cidadão do Mundo, entre outros.
Com Glauber o Filme-Labirinto do Brasil, ganhou o Candango do júri popular (R$ 30 mil) com o prêmio da crítica, no 36º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro em 2003 e o Prêmio Adoro Cinema Brasileiro 2005 na categoria de melhor diretor de documentário.

sexta-feira, 28 de março de 2008

A Ponte

por Hugo Bernardo

Foi ao ler o artigo “Jumpers” (saltadores), escrito pelo jornalista do The New Yorker Tad Friend, que o documentarista Eric Steel teve a idéia de seu próximo projeto. O texto tratava de acontecimentos que se tornaram habituais para os que transitam pela ponte Golden State, na Califórnia, presenciarem; pessoas escolhem esse local para cometerem suicídios. E é isso que Steel pretende enfatizar no seu perturbador documentário A Ponte (The Bridge, EUA, 2006).




O problema inicial em trabalhar com esse tema é que nenhum governo gostaria de ter uma reputação dessas para seu maior patrimônio. Muito menos que alguém fizesse uma obra de impacto mundial apontando esse fato. Então, como o documentarista poderia obter uma licença para trabalhar seu tema? No caso de Steel, ele teve que mentir. E é aí que entra o primeiro embate ético que está ligado à obra. Ele disse para o comitê local que pretendia “filmar a poderosa e espetacular interação entre o monumento e a natureza”. Só depois de quase dois anos (as filmagens duraram todo o ano de 2004) que todos perceberam que foram enganados.

Com a liberação do governo local para realizar as filmagens, Eric Steel e sua equipe armaram diversas câmeras, em vários pontos diferentes do local. O cenário estava pronto. E, de acordo com as estatísticas (que apontam para um suicídio a cada quinze dias), o realizador teria bastante conteúdo para trabalhar em seu documentário. O que restava, então, era esperar. Mas, o que Steel esperava filmar é algo que, em termos éticos, é complicado assentir que é correto. Ele captava as pessoas se matando sem interferir nos atos. Isso é certo? Muita gente pode achar a idéia horrível demais e não se sujeitar a vê-la.

A idéia do documentário é querer explicar – a partir de amigos e familiares dos que se suicidaram na ponte – os fatos que levaram estas pessoas a tirarem suas próprias vidas. Há muito tempo que o suicídio fascina as pessoas; pode ser visto como um ato híbrido entre medo e coragem. O estilo de Steel de abordar o tema na obra é interessante. Ele não dá bola para alguns artifícios típicos do documentário – como a narração em off ou sua presença conduzindo as entrevistas (ele nunca aparece na projeção) –, o cineasta opta, na verdade, por tentar captar o “real” sem camadas, de forma crua e direta. No filme isso é traduzido na maneira despretensiosa que ele constrói as seqüências dos acontecimentos, do jeito que eles se desenvolveram originalmente.

O documentário começa com o que aparenta ser um dia normal na Califórnia. Pessoas e carros transitam a ponte Golden State e, lá embaixo, surfistas alçam pequenos vôos com o kite surf (um tipo de surf que usa pipas). Então, a câmera pousa num homem que contempla o lugar. Ele parece ser uma pessoa normal; usa um boné vermelho e camisa verde, aparência tranqüila. No momento seguinte, ele dá um rápido salto pelo pequeno muro de proteção e se joga. A queda é filmada na integra. Tudo isso em menos de cinco minutos de projeção. Daí dá pra perceber que as imagens que veremos no filme não são de fácil assimilação.

Um dos casos interessantes narrados pelo filme foi um salvamento forçado de uma quase-suicida. Richard Waters estava tirando fotos na Golden State, quando percebeu que uma mulher havia pulado o muro de proteção e estava prestes a cometer suicídio. Waters, então, revela que seu primeiro impulso foi de tirar fotos dela. “Quando eu estava atrás da câmera, era como se aquilo não fosse real”, explica. O interessante dessa idéia do rapaz é a possibilidade de traçar um paralelo com o próprio filme. Estamos vendo cenas impactantes e perturbadoras, mas por estarem filtradas pela câmera, o impacto do “real” acaba um pouco diluído.

Dentre os vários suicidas daquele ano (2004), Eric Steel escolheu um “personagem principal”. Gene usa camisa e calças pretas, óculos escuros e um longo cabelo preto. Em determinado momento, aprendemos, a partir de uma de suas amigas, que também as cortinas, paredes e lençóis em seu quarto eram pretos. “Era como se ele não quisesse contraste”, analisa. Ao longo da projeção o vemos andando de um lado pro outro da ponte, ao som de depoimentos de alguns amigos. Steel tenta compor um quadro de características de seu “personagem”, por quem aparenta ter certa afeição. Só que o trabalho acaba ficando distante e impessoal; não existe empatia, sentimos apenas pena de uma pessoa deveras perturbada.

E é isso que parece conectar essas pessoas; a melancolia. Todos carregam dentro de si problemas de relacionamento, depressão e outros transtornos. A música de Alex Heffes transpira esse sentimento. Os tons são, além de melancólicos, solitários. É uma trilha que capta bem a idéia proposta pelo tema do filme. Só que não é uma obra ficcional, e sim um documentário. A oposição a esse tipo de artifício (a música), dos mais ferrenhos defensores desse gênero, está no fato de que ela não cabe numa obra que se proponha representar a realidade tal como a vivemos. Quando andamos na rua, entramos num carro ou, no caso do filme, pulamos de uma ponte, não existe um piano leve no fundo que tenha o propósito de emocionar espectadores.

Fica a impressão, depois do filme, que o documentarista não fez nada de extraordinário no documentário. As imagens que ele captou são chocantes, mas ele dá a elas apenas uma idéia de espetáculo. Steel não aborda a facilidade que as pessoas têm de se suicidar na ponte Golden State, tampouco debate o suicídio em si. Parece mais uma oportunidade gratuita de trazer à tona uma discussão mórbida sobre o ato de filmar pessoas cometendo um fascinante e perturbador ato.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Palestra Mariana Baltar

Às 19h de amanhã (terça), o Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFPE oferece, em seu auditório, uma palestra com Mariana Baltar, doutora em comunicação pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Ela vai falar sobre “Realidade Lacrimosa - documentário e melodrama em narrativas contemporâneas”, enfocando documentários como “Ônibus 174” (José Padilha), “Um Passaporte Húngaro” (Sandra Kogut) e “Edifício Máster” e “Peões” (ambos de Eduardo Coutinho).

Fonte: Luiz Joaquim (Folha de Pernambuco - 24.03.08)

sexta-feira, 21 de março de 2008

Cursos de cinema

A Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) divulgou nesta semana o cronograma de cursos técnicos do Centro Técnico Audiovisual do Nordeste (CTAV-NE). A partir de abril, o centro realizará oficinas de capacitação para o crescimento da atividade cinematográfica na região. Todas serão gratuitas e ministradas por profissionais de diversas partes do país.

Para se inscrever, os candidatos devem enviar um e-mail com o currículo para ctavne@fundaj.gov.br e ctavne@gmail.com. Os alunos serão selecionados pelos professores de cada curso e a divulgação será feita pelo site da Fundaj www.fundaj.gov.br e pelo site da Fundarpe www.cultura.pe.gov.br ou www.fundarpe.pe.gov.br.

Lista de cursos:

ASSISTÊNCIA DE CÂMERA 35mm (curso 1)

Professor: Hamilton Oliveira – BA
Hamilton Oliveira é um experiente diretor de fotografia com trajetória no cinema e na televisão, suas últimas realizações em longa foram os filmes Esses Moços, de José Araripe, Eu Me Lembro, de Edgard Navarro. Além de ter ministrado vários cursos e oficinas de formação na área.

Objetivo do curso: Qualificar como Assistentes de Câmera em 35 mm, profissionais que já atuem no mercado audiovisual regional, facilitando a realização de produções locais, que precisam trazer de fora esse profissional tão importante para a produção cinematográfica. O seu conteúdo programático vai desde noções básicas de iluminação para cinema, a câmera de cinema, foco e movimentos de câmera até os procedimentos de filmagem.

Inscrição: 18 a 29 de Março de 2008
Resultado: 01 de abril de 2008
Realização do curso: 7 a 12 de Abril de 2008
Número de Vagas: 15

CHEFE DE ELETRICISTA – LIGHTING GAFFER

Professor: Álvaro Brito - SP
Álvaro Brito é chefe de eletricista, iluminador, professor de iluminação do Senac SP e consultor técnico. No audiovisual trabalhou em diversos filmes, entre eles Alice, de Chico Teixeira e De Passagem de Ricardo Elias.

Objetivo do curso: Essa capacitação vem preencher uma importante lacuna na formação do profissional Chefe de Eletricista - Lighting Gaffer na região, que se encontra em desvantagem em relação à capacitação de outras funções. Estão previstas aulas práticas e teóricas com a utilização de equipamentos necessários no dia-dia dos melhores profissionais de elétrica no audiovisual da atualidade.

Inscrição: 31 de Março a 5 de Abril de 2008
Resultado: 8 de Abril de 2008
Realização do curso: 14 a 19 de Abril de 2008
Número de Vagas: 10

DESENHO DE SOM – CAPTAÇÃO

Professor: Nicolas Hallet - Bélgica
Nicolas Hallet é diretor, roteirista e técnico de som, formado em Cinema e Vídeo na Academie de Beaux Arts de Bruxelles, na Bélgica. Ministra cursos de captação de som desde 1999 no Brasil. Já trabalhou em dezenas de filmes, dentre eles: Pau Brasil, de Fernando Bélens; KFZ 1348, de Gabriel Mascaro e Marcelo Pedroso, recebeu o prêmio de melhor som no Festival Cine Ceará de 2005 pelo áudio do filme Entre Paredes, de Eric Laurence.

Objetivo do curso: Aprimoramento dos profissionais de áudio da região e tratará de conteúdos que vão desde a arte da captação até noções de física do som e acústica, o processo de gravação e suas adversidades, a importância de um projeto sonoro e a passagem do analógico para o digital.

Inscrição: 21 a 26 de Abril de 2008
Resultado: 29 de Abril de 2008
Realização do curso: 5 a 10 de Maio de 2008
Número de Vagas: 15

MONTAGEM

Professora: Karen Harley – PE
Karen Harley é pernambucana radicada no Rio de Janeiro, realizadora e montadora de cinema. Montou, entre outros, os filmes: Cinema, Aspirinas e Urubus, Baixio das Bestas, Janela da Alma, Hercules 56 e a A Festa da Menina Morta.

Objetivo do curso: Aprofundar o conhecimento sobre montagem cinematográfica e analisar a sua importância para a construção da narrativa do filme. Serão dadas aulas teóricas, com apresentação de trechos de filmes para apreciação e análise e aulas práticas em programa de edição não linear, Final Cut Pro.

Inscrição: 21 a 26 de Abril de 2008
Resultado: 30 de Abril de 2008
Realização do curso: 5 a 9 de Maio de 2008
Número de Vagas: 15

ASSISTÊNCIA DE CÂMERA 35mm (curso 2)

Professora: Andréa Scansani – SC
Andréa Scansani é Diretora de Fotografia; Formada pela ECA/USP em Cinema e Vídeo com especialização em Fotografia Cinematográfica; Especialização em Cinematografia na Escola de Drama e Cinema de Budapeste, Hungria; mestranda no Instituto de Artes da Unicamp, Docente do curso de Cinema da Universidade Federal de Santa Catarina; Ministrante do curso de assistência e operação de câmera desde 2000.

Objetivo do curso: O segundo curso de Assistência de Câmera em 35 mm tem como proposta traçar uma visão completa das funções do assistente e operador de câmera relacionando-o com a equipe de fotografia, e tratará desde as noções básicas de fotografia e formação da imagem, passando pela instrumentalização técnica do equipamento a ser utilizado. E a parte prática: montagem e desmontagem da câmera e acessórios, testes filmados de estabilidade e paralaxe, pratica de movimentos e acompanhamento de foco, carregar e descarregar chassi, organizar o material sensível, organizar o equipamento para retirada e devolução na locadora e analisar os resultados dos testes.

Inscrição: 28 de Abril a 3 de Maio de 2008
Resultado: 6 de Maio de 2008
Realização do curso: 12 a 19 de Maio de 2008
Número de Vagas: 15

DESENHO DE SOM – FINALIZAÇÃO

Professor: Armando Torres
Armando Torres é sound designer e trabalhou em diversos filmes como: Meu nome não é Johnny, Tropa de Elite, O Passado, Cidade dos Homens, Baixio das Bestas, O ano que meus pais saíram de férias, Cinema, aspirinas e urubus, O cheiro do ralo, Amarelo Manga, Lavoura Arcaica, e em diversas obras para televisão, como a mini-série A Pedra do Reino.

Descrição do curso: A capacitação em Desenho de Som - Finalização será um básico de edição de som para cinema e televisão, destacando os itens: desenho de som para cinema, mixagem para cinema e televisão, diferenças entre mixar para cinema e mixar para televisão e os sistemas de exibição para cinema: Dolby Digital-Dolby Sr-Thx-Sdds e Digital Cine.

Inscrição: 30 de Junho a 5 de Julho de 2008
Resultado: 8 de Julho de 2008
Realização do curso: 14 a 18 de Julho de 2008
Número de vagas: 15

CENOGRAFIA PARA CINEMA

Professor: Carlos Arthur Liuzzi- RJ
Carlos Arthur Liuzzi é arquiteto, fotógrafo, cenógrafo e diretor de arte com ampla formação acadêmica e experiência profissional. No cinema, fez a direção de arte de filmes como Matou a família e foi ao cinema, de Neville de Almeida e Lembranças do Futuro, de Ana Maria Magalhães. Na televisão fez a direção de arte do seriado Mulher e no Teatro a cenografia de O Analista de Bagé, de Paulo César Pereio, só para citar alguns exemplos.

Metodologia do curso: Irá tratar da formação da imagem moderna: arte-fotografia-cinema, cinema e realidade, cinema e teatro, arquitetura e cenografia, cenografia como força dramática, decupagem para um projeto cenográfico, mobiliário - iluminação e objetos de cena e a formação da equipe de cenografia. Além da execução de um projeto cenográfico para cinema, pondo em prática a matéria teórica comentada em sala.

Inscrição: 7 a 12 de Julho de 2008
Resultado: 15 de Julho de 2008
Realização do curso: 21 de Julho a 2 de agosto de 2008
Número de Vagas: 32

segunda-feira, 17 de março de 2008

Jogo de Cena

Representação ou realidade? O gênero documentário ainda carrega a polêmica entre ficção e verdade. Em “Jogo de Cena” (2007), Eduardo Coutinho não foge à regra, acrescenta ao propor uma mescla de atuação, interpretação e realidade. O 10º longa-metragem do diretor convoca mulheres para participar do filme por meio de um anúncio de jornal. O classificado resultou na seleção de 23 das 83 inscritas. Em junho de 2006, as personagens escolhidas contaram algum fato relevante de suas vidas. A história foi contada duas vezes, uma por elas e outra por atrizes, que interpretaram os depoimentos aos seus modos três meses depois.


As situações relatadas são extremamente emotivas. Com as cadeiras do Teatro Glauce Rocha (RJ) ao fundo, mulheres de personalidades divergentes contam histórias peculiares. As atrizes, algumas renomadas como Andréa Beltrão, Fernanda Torres e Marília Pêra, recontam os momentos e, fica ao cargo do telespectador descobrir quem é personagem e quem é atriz. O jogo é difícil, já que Coutinho consegue deixar todas à vontade em frente às câmeras. As atrizes, principalmente de rostos menos conhecidos, deixam o público sem saber se ela é a personagem ou se está interpretando. Fica ainda mais complexo quando o documentarista extrai das atrizes algo além da atuação e representação: histórias de vida delas mesmas.


Numa das cenas, Andréa Beltrão conta sobre a saudade que sente da sua babá. Marília Pêra mostra o cristal japonês que utiliza para passar próximo aos olhos quando necessita das lágrimas nas filmagens. Já Fernanda Torres relata a sua ida a um terreiro de candomblé. Fernanda, inclusive, revela que não consegue interpretar a situação real que lhe foi entregue. “A diferença é que com um personagem fictício, se você atinge um nível medíocre, você pode até ficar ali nele porque ele é da sua medida. Com o personagem real, a realidade um pouco esfrega na sua cara onde você poderia estar e você não chegou”, diz.


Em cento e cinco minutos de duração, o filme vai além do que a situação demonstrada poderia proporcionar. Os aspectos do documentário estão interligados e contribuem para o jogo de cena. Um exemplo disto é o ambiente escolhido para gravação. Nos palcos, que são utilizados para a interpretação, os papéis são invertidos. Ali, mulheres anônimas, que geralmente ocupam a platéia, ganham destaque ao contar histórias emotivas. Já as atrizes, que estão acostumadas a utilizar o teatro para atuar, fazem a vez de platéia a partir do momento em que deixam a atuação de lado e se aproximam do público ao relatar situações reais.


Mesmo apresentando traços utilizados na ficção, como o uso de atrizes, Coutinho não deixa sua forte característica documental, torna o longa-metragem transparente como sempre fez em trabalhos anteriores. Porém, neste, o diretor aposta no universo feminino para relatar histórias sensíveis. E consegue emocionar, seja através da realidade ou da ficção.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Festivais movimentam meses de março e abril

É Tudo Verdade e a Conferência Internacional do Documentário debatem o gênero documental

O 13º Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade acontecerá em São Paulo (dias 26 de março a 6 de abril), Rio de Janeiro (27 de março a 06 de abril) e Brasília (14 a 20 de abril). Neste ano serão abordadas a nova safra do documentário brasileiro – com 18 longas e médias inéditos e 12 curtas-metragens –, o melhor da produção mundial no gênero e retrospectivas: Experimental Brasileiro/Filmes que abalaram o mundo. As inscrições, gratuitas, são através do site É Tudo Verdade
.



A 8º Conferência Internacional do Documentário, que abordará o Documentário Experimental, também vai ocorrer em abril, nos dias 2, 3 e 4, no Sesc da Avenida Paulista, em São Paulo. O evento busca refletir sobre o gênero documental, com a proposta de apontar rumos de pesquisa e mobilizar a comunidade científica e artística em torno de importantes questões. A participação nos debates é gratuita.

Programação:

Lançamento Oficial: 15 de março
Abertura para Inscrições: 20 de março

Dia 2 de abril
10h - Panorama histórico do documentário experimental
14h30 - Novos territórios do documentário

Dia 3 de abril
14h30 - O documentário experimental no Brasil: Glauber Rocha, Rogério Sganzerla e Andrea Tonacci

Dia 4 de abril
10h - O documentário experimental no Brasil: Arthur Omar, Cao Guimarães e Carlos Adriano
14h30 - A visão do realizador: um diálogo com Jorgen Leth


terça-feira, 11 de março de 2008

Para quem já tem uma idéia na cabeça

Com o intuito de promover a democratização ao acesso dos recursos públicos, a Secretária de Audiovisual do Ministério da Cultura – Sav/MinC - vem realizando uma série de concursos para premiar e incentivar a diversidade da produção audiovisual no Brasil. Os editais para os concursos são divulgados periodicamente e promovem tanto o fomento aos setores tradicionais como estimulam iniciativas para a diversidade de conteúdos e meios audiovisuais criando, dessa forma, pólos de produção. Estabelecem-se também pontes de cooperação entre países, permitindo a inserção da periferia e pequenos municípios no domínio de novas tecnologias audiovisuais.O Gedoc está de olho e vai publicar a cobertura completa de todos os principais concursos ligados à produção Audiovisual no Brasil. Confira desde já a abertura de editais. Agora só falta a câmera na mão.

Curtas BH

Já estão abertas as inscrições para o 10º Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte (MG) cujas categorias são de mostra competitiva nacional e internacional. O prazo de inscrição vai até 14 de março, estarão sendo aceitos filmes de todos os gêneros (exceto comerciais e institucionais), concluídos entre janeiro de 2004 e fevereiro de 2008 e com duração mínima de 30 minutos. O festival acontece de 25 a 31 de julho, no Cine Humberto Mauro e exibirá um panorama da produção de curtas metragens no Brasil e no exterior. Inscrições e outras informações na página eletrônica: www.festivaldecurtasbh.com.br.

Seleção para Cuba

A seleção para a Escuela Internacional de Cine e Television, de Santo Antônio de Los Baños (Cuba) já está com as inscrições abertas. Estão sendo oferecidos vagas para cursos de documentário, som, produção, monstagem, fotografia, direção e roteiro. Poderão participar da seleção, brasileiros com idade entre 22 e 28 anos. Assim como no ano passado, as inscrições para moradores do Nordeste será realizada no Recife nos dias 4 e 5 e abril. Para mais informações acessar o site www.pagina21.com.br.

Revelando os Brasis III

O programa Revelando os Brasis tem o objetivo de promover inclusão e formação audiovisuais através do estímulo à produção digital de vídeos. É dirigido a moradores de municípios brasieleiros com até 20 mil habitantes e tenta contribuir para formar receptores críticos que produzam obras que resgatem e registrem a diversidade cultural do Brasil. Para acessar o regulamento e a ficha de inscrição de projetos, acesso o site do programa : www.revelandobrasis.com.br.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Ônibus 174

Por Rodrigo Carreiro
www.cinereporter.co
m.br

“Ônibus 174”, um dos mais contundentes documentários da safra 2002 no Brasil, cumpre o duro papel de puxar o espectador desavisado de volta à realidade social do País. O longa, dirigido pelo estreante José Padilha, provoca raiva, aflição, indignação. Oferece um panorama social acurado e, por que não dizer, desolador do Brasil contemporâneo. É uma espécie de “Cidade de Deus” sem humor, sem glamour, sem atores. Assisti-lo é (ou deveria ser) uma espécie de dever cívico de cada brasileiro. Ainda que menos por méritos cinematográficos e mais pelo conteúdo social.

O filme trata de um episódio especialmente marcante de violência cotidiana: o seqüestro de um ônibus lotado em plena zona sul (um dos espaços urbanos mais chiques) do Rio de Janeiro. O episódio, ocorrido na tarde do dia 12 de junho de 2000, durou pouco mais de quatro horas. Poderia ter sido apenas mais um ato de violência urbana a cair na vala comum do esquecimento, se não tivesse sido transmitido, ao vivo e em cadeia nacional, para todo o Brasil. Ao todo, 60 milhões de espectadores pararam para assistir ao teatro de violência promovido pelo ex-menino de rua Sandro do Nascimento, então com 22 anos. O rapaz manteve duas dezenas de passageiros sob a mira de um revólver, com o ônibus estacionado na rua e cercado por duas centenas de policiais militares.

“Ônibus 174” reconstitui minuciosamente a tragédia. O diretor José Padilha opta por uma investigação à moda jornalística, procurando dar voz a todos os lados da questão (policiais, meninos de rua, sociólogos, reféns) e tentando manter alguma distância crítica, sem julgamentos morais ou éticos daquilo que é visto. Mas também vai mais longe do que uma simples reportagem, porque busca em duas linhas alternativas de narrativa, que são intercaladas à reconstituição do seqüestro em si, a contextualização da história de Sandro dentro de um panorama mais amplo da violência em território nacional. Ou seja, faz uma reportagem extensa e bem apurada.

A primeira narrativa paralela reconstitui a trajetória do seqüestrador. A biografia do rapaz realmente impressiona: era um menino de rua que viu a mãe ser assassinada a facadas, aos seis anos, e depois sobreviveu ao massacre na igreja da Candelária, em 1992, na noite em que policiais à paisana mataram oito crianças que dormiam nas escadarias do local. O trabalho jornalístico é correto. José Padilha ouve vários amigos que perambulavam com Sandro na época, parentes, vai atrás da ficha criminal do rapaz, visita os lugares onde ele esteve preso.

Na segunda linha secundária de narrativa, o esquadro se amplia e o filme assume um tom claramente mais ambicioso, numa tentativa de explicar a existência de casos como o de Sandro dentro de um contexto social abrangente. Tudo isso é feito com coragem. A tese-chave do filme parece ser narrada pelo sociólogo e ex-secretário de Segurança do Rio, Luiz Eduardo Soares: a sociedade está imersa num contraditório fenômeno em que produz ela mesma a miséria e tenta criar formas - algumas pacíficas , outras violentas - de varrê-la para baixo do tapete, transformando excluídos em homens “invisíveis”. As cenas em que os motoristas cariocas ignoram solenemente as crianças pedintes, tão banais, soam dilacerantes. Todo cidadão de classe média passa por isso diariamente. Fingimos que não vemos os garotos que passam ao lado do carro, a cada avenida, a cada sinal. São fatos corriqueiros (e lamentáveis) em qualquer grande cidade nacional.

Tudo isso são méritos do filme, mas há problemas. “Ônibus 174” resulta muito longo. A reconstituição parece excessiva e enfatiza um clima de suspense que poderia não existir – a função do filme é menos narrativa e mais de denúncia, certo? As imagens, amplamente conhecidas, acabam diluídas em meio a um emaranhado de depoimentos que se entrelaçam. Individualmente, são entrevistas articuladas e interessantes, mas perdem impacto quando apresentadas coletivamente. José Padilha ainda tenta imprimir um tom detetivesco à narrativa, segurando até o fim a conclusão dos fatos (já conhecida). Pior: não explica, e nem tenta, como o seqüestro começou. Autoridades policiais de alta patente, bem como políticos, também não são ouvidos. Certamente não quiseram falar, mas isso não é dito ao espectador em momento algum.

O uso da música também resulta meio equivocado. Se o filme é narrado em tom sóbrio, há várias seqüências em que tenta emocionar o espectador a partir da combinação de imagens violentas com canções tocantes. Nada disso era necessário, pois a brutalidade teima em pipocar na tela. Há um punhado de momentos realmente chocantes em “Ônibus 174”, momentos que enfatizam o abismo social que divide uma classe média assustada, acuada, e uma periferia violenta, sem esperança. Nesse sentido, o filme cumpre o objetivo, descortinando o processo de construção da “estratégia de invisibilidade” montada, inconscientemente, pela própria burguesia. É essa estratégia que nos faz aceitar uma polícia ineficaz, desaparelhada, destreinada e violenta, posta em xeque (novamente) pelo filme.

O melhor momento, porém, está nas cenas e depoimentos em que explica o comportamento dúbio do seqüestrador. Para as câmeras de TV, Sandro vira um perfeito demônio; está apenas atuando, algo que os depoimentos dos reféns deixam claro. Dentro do ônibus, ele encenou várias situações de violência e chegou a simular o assassinato de uma garota. São lembranças impressionantes, que atingem o nervo ciático do problema: o papel da mídia, especialmente da televisão, na perpetuação dessa violência física, moral e espiritual perpetrada pela classe média contra os moradores da favela. A mídia espetaculariza a violência, e mesmo aqueles que não sabem soletrar essa palavra, como Sandro, sabem o que isso significa. Pode-se até discutir a linguagem de “Ônibus 174”, mas não o conteúdo.

Premiado em vários festivais ao redor do mundo, o filme de José Padilha levou três anos para aperecer no mercado de home vídeo. A distribuidora LK-Tel lança o disco com falhas grotescas. Para começar, a versão tem 15 minutos a menos do que a exibida no cinema. Além disso, perde também as legendas nos trechos em que o seqüestro é mostrado ao vivo (o áudio é incomprrensível) e os créditos que informam o papel de cada entrevistado no caso. A LK-Tel reconhece a mancada e promete lançar a versão integral do produto, com comentário em áudio do diretor e cenas cortadas, nos próximos meses.


- Ônibus 174 (Brasil, 2002)
Direção: José Padilha e Felipe Lacerda
Documentário
Duração: 133 minutos

sexta-feira, 7 de março de 2008

Documentário de Eduardo Coutinho em cartaz

O novo trabalho de Eduardo Coutinho – Jogo de Cena – vai pré-estrear neste sábado (8) às 20h30, no Cinema da Fundação. Neste filme, Coutinho convoca mulheres para contar histórias de suas vidas, algumas delas atrizes (Fernanda Torres, Marilia Pera), que reinterpretam alguns dos depoimentos verdadeiros. Depois de um tempo, o espectador terá dúvidas sobre quem realmente diz a verdade e quem interpreta.

O Cinema da Fundação fica na Rua Henrique Dias, 609, Derby. O ingresso custa R$ 6,00 inteira e R$ 3,00 para estudantes e pessoas acima de 60 anos.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Novo trabalho de Michael Moore chega aos cinemas

Será na próxima sexta-feira (22) e no sábado (23), no Multiplex Recife e Tacaruna, a pré-estréia do novo documentário de Michael Moore, “SOS Saúde” (Sicko, EUA, 2007), indicado ao Oscar na categoria de melhor documentário de longa-metragem. A estréia nacional está prevista para o dia 29 de fevereiro.

Em seu novo trabalho, o polêmico Michael Moore aponta os absurdos do sistema de saúde americano, no qual crianças morrem porque chegam ao hospital errado – onde não têm convênio – e homens precisam escolher, com base numa tabela de preços, qual dedo decepado implantar: 60 mil dólares o médio, 12 mil o anular.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Dica de site

As produções documentais brasileiras, no início desta década, ganharam em profundidade reflexiva. Trabalhos como “Santiago” (de João Moreira Salles) e “Jogo de Cena” (de Eduardo Coutinho) apresentam a linguagem típica de um documentário, mas com características originais que questionam a construção do ambiente fílmico, a veracidade dos depoimentos e os limites da direção numa obra desse gênero.

Esta abordagem temática questionadora, que busca dar sentido aos fatos, também chegou ao mundo acadêmico. Artigos científicos e dissertações de estudantes e professores tiveram como objeto de pesquisa esses documentários. Foi lançado um olhar sobre o discurso e a ideologia de documentaristas como José Padilha (“Ônibus 174”) e Michael Moore (“Tiros em Columbine”), a respeito da estética na obra documental e o impacto do 11 de setembro nas narrativas desse gênero.

Uma boa fonte para ler esses trabalhos é o site DOC ON-LINE, a revista digital de cinema documentário. Aí encontram-se artigos, críticas, dissertações e teses.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Texto: O Filme Documentário em Debate: John Grierson e o Movimento Documentarista Britânico

http://bocc.ubi.pt/pag/penafria-manuela-filme-documentario-debate.pdf

Texto: Estudo sobre o Cinema Direto e o Cinema Verdade: Conceitos, Contradições e Principais Influências

http://www.eco.ufrj.br/pet/publicacoes/refref/2_2/laguinho_cinemadiretoecinemaverdade.pdf

Calendário de atividades - janeiro 2008

dia 08/01 - Exibição de "Tiros em Columbine", de Michael Moore, seguido de considerações de Hugo Bernardo

dia 15/01 - Exibição de "Primárias", de Robert Drew, seguido de considerações de Lenne Ferreira

dia 22/01 - Exibição de "Nanook, O Esquimó", de Robert Flaherty, seguido de considerações de Tatyanne Moraes

dia 29/01 - Exibição de "O Triunfo da Vontade", de Leni Rifenstahl, seguido de considerações de Thiago Soares

As atividades são realizadas na Videoteca 2, segundo andar, às 9h30.

Texto: O Documentário como Gênero Audiovisual



O DOCUMENTÁRIO COMO GÊNERO AUDIOVISUAL

Cristina Teixeira Melo

Resumo: Neste artigo, apontamos características próprias do documentário capazes de diferenciá-lo de outros gêneros audiovisuais, como o filme de ficção e a grande reportagem jornalística de TV. Sustentamos que a principal marca do documentário é seu caráter autoral, definido como uma construção singular da realidade. Alguns elementos lingüístico-discursivos evidenciam esse caráter autoral: a maneira como se dá voz aos outros, a presença de paráfrases discursivas e um efeito de sentido monofônico. Ainda destacamos a criatividade usada no processo de edição e montagem como um importante índice de autoria. Tomamos como aparato teórico de análise estudos no campo do cinema e conceitos do âmbito da lingüística textual e da análise do discurso.

http://reposcom.portcom.intercom.org.br/dspace/bitstream/1904/18813/1/2002_NP7MELO.pdf

Citação para artigos: MELO, Cristina. O Documentário como Gênero Audiovisual. In: Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, 25., 2002, Salvador. Anais... São Paulo: Intercom, 2002. CD-ROM

Apresentação

O Gedoc (Grupo de Estudos de Documentário) das Faculdades Integradas Barros Melo (AESO) é um espaço para debate, discussões teóricas, críticas e produções sobre documentário - este gênero audiovisual que permeia as produções cinematográficas e televisivas, ampliando as fronteiras sobre o que é o real e o que se diz sobre o real. O Gedoc promove encontros sistemáticos nas Faculdades Integradas Barros Melo para se assistir e debater a produção contemporânea de documentários, bem como revisitar obras clássicas com o intuito de conhecer e ampliar o repertório dos pesquisadores sobre o tema.

O Gedoc é um espaço aberto para professores, alunos e funcionários das Faculdades Integradas Barros Melo, bem como para a comunidade com interesse sobre o tema.

EXPEDIENTE - GEDOC:

Coordenação:
Prof. Msc. Thiago Soares (thikos@uol.com.br)

Professores pesquisadores:
Prof. Msc. Gustavo Almeida (redegustavo@yahoo.com.br)
Profa. Msc. Sandra de Lima (sandrafl_40@hotmail.com)
Prof. Msc. Thiago Soares (thikos@uol.com.br)

Alunos-pesquisadores:
Hugo Bernardo (bitouls@gmail.com)
Lenne Ferreira (lenne.fr@hotmail.com)
Tatyanne Moraes (tatyannem@gmail.com)