quarta-feira, 2 de abril de 2008

Documentário brasileiro sobre globalização é destaque em festival uruguaio

O documentário “Encontro com Milton Santos ou o Mundo Global Visto do Lado de Cá”, do diretor brasileiro Silvio Tendler, foi um dos destaques do 26º Festival Cinematográfico Internacional do Uruguai.
O filme de Tendler mostra o fenômeno da globalização da perspectiva periférica defendida pelo geógrafo e pensador, Milton Santos, falecido em 2001. Veículos de imprensa populares, cineastas que gravam em seus próprios bairros e histórias de vida e luta dos mais pobres, são a base de um documentário que pode ser tido como um "testamento" dopensador brasileiro.
O diretor explicou que de acordo com a visão do protagonista (o próprio Milton Santos), a globalização se transformou em um "'globalitarismo’, seqüestrado por um grupo de empresas" que não permitem o “desenvolvimento geral". Para ele as afirmações de Santos são "muito duras, mas também muito otimistas". Tendler levou cinco anos para preencher com imagens as conversas que teve com Santos, autor de livros como “A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção” (1996).
Além de "Encontro com Milton Santos ou o Mundo Global Visto do Lado de Cá", outros quatro documentários brasileiros marcaram presença no festival: "A Dança da Vida", de Juan Zapata; "Diário de Sintra", de Paula Gaitán;"Margem", de Maya Da-Rin e "Andarilho” de Cao Guimarães, responsável pela a abertura do festival.
O 26º Festival Cinematográfico Internacional do Uruguai foi realizado do dia 02 até o último dia 30. Durante esse período, o evento contou com uma ampla oferta de longas-metragens, documentários e curtas-metragens.

O Cineasta dos Vencidos

Sílvio Tendler é conhecido como "o cineasta dos vencidos" ou "o cineasta dos sonhos interrompidos", por abordar em seus filmes personalidades como Jango, JK, Carlos Marighela e Glauber Rocha. É, antes de tudo, um humanista que já produziu e dirigiu cerca de 40 filmes, entre curtas, médias e longas-metragens em formato documental.
Acumula uma bagagem intelectual que inclui licenciatura em História pela Universidade de Paris, mestrado em Cinema e História pela École des Hautes-Études da Sorbonne e especialização em Cinema Documental aplicado às Ciências Sociais no Musée Guimet, da mesma universidade. Criou a Caliban Produções Cinematográficas, direcionada para biografias históricas de cunho social. É membro da Fundação Novo Cine Latino-americano, do Comitê de Cineastas da América Latina, presidente da Federação de Cineclubes do Rio de Janeiro e da Associação Brasileira de Cineastas. Em 1979, tornou-se professor do Departamento de Comunicação Social da PUC-RJ.
O cineasta filmou documentários como: JK: Glauber o Filme-Labirinto do Brasil, O menino que sonhou um país, Dr. Getúlio-Últimos momentos, Marighela-Retrato falado do guerrilheiro (curta-metragem), Josué de Castro-Cidadão do Mundo, entre outros.
Com Glauber o Filme-Labirinto do Brasil, ganhou o Candango do júri popular (R$ 30 mil) com o prêmio da crítica, no 36º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro em 2003 e o Prêmio Adoro Cinema Brasileiro 2005 na categoria de melhor diretor de documentário.

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